Por que alguns tendem a obedecer figuras de autoridade?
Não é nada numeroso o acervo teórico acerca das bases do autoritarismo brasileiro, mesmo que tenham sido realizadas diversas análises acerca da tendência individual a apoiar regimes autoritários. No Brasil, foi a partir de 1988 que a psicologia passou a dispor de instrumentos e evidências legítimas para validar e medir a tendência individual de obedecer e apoiar regimes autoritários.
Adaptando ao Brasil o instrumento utilizado internacionalmente para medir o autoritarismo, levamos em consideração quatro fatores. Os critérios seguem abaixo:
– Submissão à autoridade: submeter-se de forma acrítica a figuras de autoridade;
– Contestação à autoridade: inclinação a criticar e protestar as autoridades;
– Tradicionalismo: tendência a apoiar determinados padrões morais e tradicionais;
– Autoritarismo: indivíduo tende a apoiar medidas punitivas severas, tais como pena de morte;
Ao calcular os escores em cada fator, chega-se ao indicador de tendência individual – no Brasil foram 2,09. Vamos ao estudo:
Foi questionado aos participantes em que parte do espectro político eles se situariam, isto é, se eles se auto identificavam como uma pessoa de esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita ou nenhuma dessas categorias. Curiosamente, aqueles que se auto identificaram como de centro ou em nenhuma dessas categorias, apresentaram médias de autoritarismo superior à média geral, ou seja, mesmo aqueles que se declaram apartidários estão bastante suscetíveis a se submeterem a líderes autoritários, o que acende um alerta para a política no Brasil.